Delegado Alessandro diz que venceu os "velhos dinossauros"

“Não precisamos e não existem salvadores da pátria. Precisamos de salvação da pátria”. A afirmação é do delegado da Polícia Civil de Sergipe, Alessandro Vieira, 42 anos, gaúcho de Passo Fundo, que pretende lançar-se candidato a um cargo eletivo esse ano. Ele foi uma das quarto pessoas de Sergipe selecionadas para participar do curso promovido pela Renova Brasil (www.renovabr.org), cujo objetivo é formar novas lideranças. A pretensão do delegado ao tentar a carreira política surgiu quando ele foi exonerado do cargo de chefe da Polícia Civil e bateu de frente com o governador Jackson Barreto, embora não estivesse pensando nisso anteriormente. “A minha saída do comando da Polícia Civil, da forma como ocorreu, consolidou a compreensão de que é preciso renovar o quadro de representantes eleitos, trazendo pessoas capacitadas, independentes e comprometidas com o interesse público”, afirma. Filiado à Rede, Alessandro ainda não decidiu que cargo vai disputar, mas não descarta o Senado. E avisa que se tiver sucesso, não irá para reeleição, pois não encara política como profissão. “Há 16 anos, minha profissão é delegado de polícia. Político profissional é um grande erro”, diz.

SÓ SERGIPE – O que o levou a participar dos cursos oferecidos pelo Renova BR?

ALESSANDRO VIEIRA – Conheci o projeto pela internet e fiz a inscrição. Foram várias etapas de testes e análises de currículo, sendo a última uma banca examinadora presencial em São Paulo. O nível das pessoas envolvidas, tanto como organizadores ou palestrantes e dos bolsistas, deu a certeza da seriedade e qualidade da iniciativa.

SS – Os cursos que o senhor já teve, mudaram a sua forma de pensar a política?

AV – Eles qualificaram informações que eu já tinha e acrescentaram outras. A carga horária é similar à de uma pós graduação. A grande lição até o momento está na viabilidade do diálogo construtivo entre pessoas de origens e posicionamentos ideológicos muito diversificados.

SS – A motivação em participar da política partidária surgiu no momento em que o senhor saiu da chefia da Polícia Civil e dos seus embates com o governo atual?  Ou era um sonho que já vinha sendo acalentado? Ou ainda uma inquietação?

AV – A minha saída do comando da Polícia Civil, da forma como ocorreu, consolidou a compreensão de que é preciso renovar o quadro de representantes eleitos, trazendo pessoas capacitadas, independentes e comprometidas com o interesse público. Nunca imaginei que entraria na seara da política partidária, mas em uma democracia este é o único caminho para a renovação.

SS – Já definiu o cargo que vai disputar? Um grupo de amigos sugere que seja candidato a senador, não é?

AV – A definição de candidatura será feita em consenso com o partido, sempre buscando a alternativa que melhor atenda ao processo de renovação. O Senado é uma possibilidade concreta, principalmente porque os nomes indicados pela imprensa especializada estão muito longe da ideia de renovação. Pelo contrário, são a expressão mais completa do atraso.

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SS – Independente do cargo que escolha, qual será seu diferencial para convencer os eleitores a dar-lhe um voto?

AV – O objetivo é garantir para os eleitores o máximo de informação, para que eles possam fazer a sua escolha de forma consciente. A política profissional é a grande responsável pela situação em que nos encontramos, pelo apego desesperado aos cargos, deixando a gestão de lado. Não vou virar político profissional, a minha profissão é delegado de polícia. Apenas pretendo prestar a minha contribuição neste momento difícil. Mesmo com um eventual sucesso eleitoral, não serei candidato à reeleição.

SS – Por que?

AV – Essa é uma decisão clara e justificável. Não precisamos e não existem salvadores da pátria. Precisamos de salvação da pátria e isso passa por formar e incentivar novas lideranças. Transformar a política em atividade profissional, onde cidadão entra e não quer sair mais, é um erro grave. Isso afasta muita gente boa. Pretendo dar a minha contribuição nesse momento que é gravíssimo e depois dar lugar a outras pessoas. Se tiver sucesso no pleito eleitoral, não serei candidato à reeleição.

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SS – A partir do momento que o senhor resolveu entrar na política partidária, recebeu convites de muitos partidos?

AV – Recebi várias sondagens, mas a definição pela Rede foi rápida.

SS – Por que o senhor escolheu a Rede?

AV – Posso garantir que a Rede em Sergipe é composta por gente séria e muito bem intencionada, reunida em um ambiente democrático. Esse era o requisito principal para a minha escolha.

SS – A maioria dos políticos brasileiros está desacreditada. Como fazer a diferença ao trilhar caminho tão pantanoso?

AV – Mostrando as diferenças com clareza. É preciso respeitar a inteligência do eleitor. Na medida em que ele tem acesso às informações sobre as razões e pessoas que nos levaram a esta situação lastimável, vai ser fácil fazer uma escolha pela renovação.

 

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