A empresa de telemarketing AlmavivA está entre as 10 empresas de Sergipe com maior número de processos na Justiça do Trabalho e é a terceira em número de ações. Os dados foram divulgados hoje, 3, pela Central de Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB) que, junto com diversas entidades, fez um ato em frente à empresa, no bairro Industrial, para se solidarizar com os trabalhadores. Na semana passada, os funcionários ensaiaram um ato de protesto, foram impedidos pela direção a não o realizarem, sob pena de serem demitidos. No dia 24 de junho, a funcionária Bárbara Monique Soares de Souza, 26, morreu enquanto trabalhava. Durante o ato, manifestante rezaram pela memória da trabalhadora.
Apesar da direção e seguranças da AlmavivA terem tentando impedir a manifestação, inclusive chamando a Polícia Militar, a CTB se manteve firme e fez um ato pacífico. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Estado (Sintasa), Augusto Couto, condenou a exploração da empresa e pressão que a empresa fez para que o ato não se realizasse.
[box type=”warning” align=”alignleft” class=”” width=””]“Não adianta vir com truculência. Nós não vamos ceder às ameaças de vocês. Os trabalhadores dessa empresa dão a alma para vocês crescerem, mas estão adoecendo por causa das pressões absurdas que lhes são impostas”, ressaltou Couto. Os manifestantes ofereceram apoio aos trabalhadores que foram impedidos de sair da AlmavivA pela direção da empresa na hora da troca de turno.[/box]
O presidente da CTB/SE, Edival Góes, ressaltou que a entidade é a favor da geração de emprego, mas condena veementemente a exploração de mão de obra. “Não seremos intimidados por seguranças. Temos o direito de nos manifestar. Não somos uma ameaça e não vamos correr por causa de uma cara feia. A AlmavivA pratica uma escravidão moderna e, enquanto os trabalhadores da empresa forem explorados, nós vamos nos manifestar”, disse Edival, que colocou o departamento jurídico da CTB/SE à disposição dos trabalhadores.
[box type=”info” align=”alignleft” class=”” width=””]Waldir Rodrigues, vice-presidente da CTB/SE, contestou a forma prepotente e arrogante com que o gerente Renato Luiz tentou impedir a manifestação. “Se esse senhor age dessa forma com a gente, imagine como ele trata os empregados lá dentro. Essa empresa veio para cá recebendo incentivos fiscais do governo para gerar emprego e não para explorar trabalhador. Os empregados da AlmavivA têm que ser tratados com dignidade”, salientou.[/box]
O presidente do Sindicato dos Radialistas de Sergipe, Fernando Cabral, também foi dar apoio aos empregados e fez críticas à direção da empresa. “A AlmavivA não deixa os trabalhadores irem ao banheiro”, salientou. Diversos empregados da empresa, que acompanharam a manifestação e não quiseram se identificar com medo de retaliações, confirmaram que o tempo de ir ao banheiro é cronometrado e que eles sofrem todo tipo de pressão.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CTB Nacional e presidenta do Sindicato dos Bancários de Sergipe, Ivânia Pereira, ressaltou que a AlmavivA tem sido multada frequentemente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por desrespeito aos direitos dos trabalhadores e condenou essa prática corriqueira na empresa. “Queremos empregos decentes e não exploração. A AlmavivA trata os trabalhadores no chicote”, disse.
O vereador Emanuel Nascimento (PT), que já havia feito um pronunciamento na Câmara de Aracaju exigindo respeito aos empregados da empresa, também participou do ato, que contou com a presença de bancários, corretores de imóveis, radialistas, servidores do Estado e da Saúde, dirigentes da União Brasileira de Mulheres (UBM) e da União da Juventude Socialista (UJS).