Cerca de 1.500 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e de outras entidades bloquearam, ontem, das 9 às 10 da manhã, três trechos de rodovias federais e dois em rodovias estaduais que cortam o Estado. O ato fez parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária que lembrou os 20 anos do massacre do Eldorado dos Carajás, no Pará, e a morte de dois sem terra em confronto com a polícia do Paraná, neste mês. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) colocou três equipes em cada ponto bloqueado.
A princípio, o MST planejou bloquear cinco trechos de rodovias federais, mas durante reunião com a superintendência da PRF foram convencidos a reduzir para três. Os bloqueios aconteceram nos quilômetros 23 da BR-101, em Malhada dos Bois; no 71, em Laranjeiras, e no 198, também da 101, em Cristinápolis. Por outro lado, o MST decidiu bloquear as rodovias estaduais em Simão Dias e Porto da Folha, no alto sertão.
Em um dos trechos, no povoado Pedra Branca, em Laranjeiras, os manifestantes seguiram a orientação da PRF. Na primeira meia hora fecharam a pista no sentido Alagoas Sergipe e na meia hora seguinte, o sentido contrário. Desta vez, integrantes do MST foram colocados em pontos estratégicos da BR-101, com bandeiras acenando para os motoristas que a pista estava interditada.
Segundo o policial rodoviário federal, Flávio Vasconcelos, o capítulo VIII do artigo 95 do Código Brasileiro de Trânsito diz que a sinalização da rodovia é de quem promove o evento. “A obrigação de sinalizar é do responsável pela execução ou manutenção da obra ou do evento”, determina o parágrafo primeiro.
O dirigente estadual do MST, Gileno Damascena, disse que a mobilização era para exigir do governo reforma agrária e também se somar ao povo brasileiro em defesa da democracia. Ele afirma que o país passa por um momento difícil.
Na ponte Aracaju –Barra, um grupo do Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu) fez uma pequena mobilização. Eles chegaram a interromper o tráfego na ponte, mas foram convencidos pela Polícia Militar a fazer protesto na calçada. Eles disseram que estavam apoiando o MST.
Reclamações – Durante o protesto em Pedra Branca algumas pessoas reclamaram do MST e outras nem se incomodaram. O vigilante Wagner de Oliveira retornava de Aracaju para Laranjeiras e não gostou de ficar parado na rodovia. “E já tinha que está em casa, mas isso aqui está atrapalhando”, lamentou.
O comerciante José Alves de Araújo seguia para Malhador. “Eu havia combinado um horário para levar umas vacinas , mas estou prejudicado”, reclamou.
Mas o comerciante paulista, Eliron Almeida, estava tranquilo. “Deixas eles se manifestarem ai. Nada contra”, disse. Ele saiu de São Paulo com destino a Maceió e não se incomodou de ficar parado na pista por 30 minutos.