Na próxima terça-feira, 4 de agosto, a partir das 7h30 da manhã, cerca de 400 motoristas considerados clandestinos pela Prefeitura de Aracaju, prometem fazer um ato em frente à Câmara Municipal para pedir aos vereadores a regularização do transporte de fretamento de passageiros. Um dos líderes do movimento, Carivaldo de Jesus, disse que os atos de vandalismo praticados nesse final de semana e hoje, 31, que danificaram 42 ônibus não são de responsabilidade da categoria e acredita que havia pessoas infiltradas na mobilização para prejudicá-los.
De acordo com Carivaldo de Jesus, a mobilização da terça-feira será pacífica, mas estão dispostos às últimas consequências. “Queremos ser ouvidos pelo prefeito João Alves Filho e pela Câmara”, afirmou, ao destacar que a categoria está disposta a ir presa em caso de represália das autoridades, mas que vai manter a luta para regularizar o sistema. Sobre a mobilização desta manhã, que terminou com ônibus depredados e motivou uma reunião de emergência da cúpula da SMTT, Carivaldo se queixou dos agentes de trânsito, que segundo ele, foram grosseiros.
Ao mesmo tempo, elogiou a conduta do comandante da Polícia Militar, coronel Maurício Iunes, que foi educado e teria avisado que, em caso de nova manifestação, comunicasse a corporação para que fosse garantida a segurança de todos. Durante o ato, diversos policiais foram chamados na tentativa de combater os atos de vandalismo, entre eles os da Companhia de Choque.
Fiscalização – Em virtude dos acontecimentos desta manhã, a SMTT assegurou que vai continuar fazendo a fiscalização dos motoristas clandestinos, combatendo o transporte irregular. Segundo a SMTT, “tal fiscalização e combate dá-se em cumprimento à Lei Municipal Nº 2.864, de 10 de novembro de 2000, que “dispõe sobre a proibição do transporte alternativo e/ou clandestino de passageiros coletivo ou individual no município de Aracaju”.
Desde o mês de junho, mais de 80 veículos que faziam transporte irregular foram apreendidos pela SMTT, sendo que de ontem, 30, até hoje, 31, mais 22 foram retirados de circulação.
“A SMTT repudia atos como os que aconteceram hoje pela manhã, em que cerca de 20 ônibus tiveram os pneus esvaziados por manifestantes, fazendo com que inúmeros passageiros descessem dos veículos e atrasassem seus horários de trabalho e/ou escolares, além de impedirem o serviço de baldeação dos terminais de integração do Centro, Mercado, no bairro Santa Maria e conjunto Augusto Franco, tumultuando as áreas de embarque e desembarque”.
Já o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp) alega que o último final de semana foi de horror para motoristas, cobradores e passageiros do transporte coletivo. Isso porque treze ônibus foram depredados e três colaboradores do sistema agredidos fisicamente. As ações ocorreram nas imediações do Mercado Central, do Porto Danta e do Terminal Maracaju.
Nos veículos, houve a quebra de janelas, portas, vidros traseiros e dianteiros, danificação de balaústres, rompimento dos cordões de solicitação de parada, além de danos irreversíveis às câmeras de segurança. Já entre os trabalhadores, houve um caso de mais gravidade, com um dos cobradores vítima da violência que precisou ser hospitalizado no Hospital Gabriel Soares, segundo informações do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Aracaju – Sinttra – , Miguel Belarmino.
Enquanto as empresas contabilizam os prejuízos dessa onda de violência e trabalham para reintegrar o mais brevemente os veículos atacados à frota circulante, a população, nas ruas, sofre com a redução do serviço. “Essas ações atingem as empresas operadoras do sistema, já que a reposição dos ônibus depredados é feita por elas, mas é o usuário do transporte coletivo o principal prejudicado. É ele que amarga a redução da frota de ônibus”, frisa Alberto Almeida, presidente do Setransp.
Para se ter uma ideia dos prejuízos financeiros, para recolocar três veículos em circulação novamente – que tiveram a renda furtada, os vidros das janelas e portas quebrados, além de fazer a reposição da câmera que foi arrancada -, a Viação Atalaia terá que desembolsar valor superior à R$ 5 mil, considerando a quantia que deixou de ser arrecadada com a recolha do veículo.
Levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos aponta que, somente esse ano, 83 ônibus foram alvo de atos de vandalismo pelo Brasil. O Sudeste do país lidera, com 47 veículos danificados, 56,6% do total. O levantamento considera as ocorrências registradas até 16 de março. De 2004 até o final do ano passado, foram 1.200 ataques a coletivos.
[box type=”info” align=”alignleft” class=”” width=””] Projeto – Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados prevê o agravamento das penas aplicadas a quem comete crimes que põem em risco muitas pessoas, como ataques transportes coletivos, por exemplo. O texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da casa.
Pela proposta, qualquer atentado à segurança de meios de transporte (terrestres, marítimos e fluviais) acarretará pena de quatro a dez anos de reclusão. Atualmente, a punição máxima é de cinco anos para perturbações à navegação marítima, fluvial, aérea e a estradas de ferro e de dois anos para ações contra outros meios de transporte. [/box]