Confiante de que estará no segundo turno na disputa pela prefeitura de Aracaju, o candidato Dr. Emerson (Rede) disse que três candidatos já tiveram a oportunidade de fazer mudanças na capital e no Estado, mas nunca a fizeram. Segundo ele, somente quatro (incluindo ele próprio) ainda não tiveram a chance de administrar a capital e podem até fazer promessas, embora não considere isso adequado. Emerson, que é médico, garantiu que tem a melhor proposta de saúde para os munícipes, quer governar a cidade com a participação de todos, dando “empoderamento” à população. Apesar de ter percentuais baixos nas pesquisas, Emerson agradece aqueles que não o rejeitaram. “Rejeição baixa significa aceitação”, afirmou. No entanto, a grande pesquisa para ele vai acontecer no dia 2 de outubro com a votação. E no dia 3, ele começa a discutir as estratégias para o segundo turno.
SÓ SERGIPE – Por que o senhor que ser prefeito de Aracaju?
Dr. EMERSON – Não se trata de um querer, de uma pretensão. Se trata, diria até, de uma missão em função de um comportamento voltado para o ideológico, da minha inquietude, da cidadania. Sempre fui participativo, um cidadão que sempre gostei de atuar, de dizer o que penso e sempre respeitando o diálogo. Tenho uma convicção muito clara, hoje, que a prática dominante da politica não tem uma reposta para os problemas sociais e urbanos. Não vejo saída. Há grupos historicamente predominantes nos últimos 30 anos na nossa cidade, não vejo saída, não temos alternativa. E não vejo nenhum sinal nessas lideranças políticas que predominam, nenhuma predisposição de mudança. Os políticos não querem mudar. Hoje, nós temos três candidatos que mais tempo administraram Aracaju em sua história de 160 anos. E eu não consigo ouvir essas pessoas, a cada eleição, fazendo promessas. Como, se elas tiveram todas as oportunidades para fazer? Será que elas só percebem essa necessidade de fazer algo, no momento das campanhas? E a cidade vive a acumular problemas. Acho que tem três candidaturas que não podem mais prometer para os aracajuanos, que Aracaju é cidade disso ou daquilo. E temos outros quatro que até poderiam prometer porque nunca tiveram oportunidade. Mas não é prometendo, mas discutindo os problemas com a comunidade e ver o enfrentamento.
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SS– Quais seriam estes três candidatos?
DE – Eu gosto de fazer política com confronto de ideias. Quem esteve no comando da política de Sergipe nestes 30 anos é só verificar: quem foi prefeito, senador, governador. Essas pessoas são donas dos partidos e aí é fácil de identifica-las. Todo mundo em Aracaju sabe quem é o dono de cada partido e verificar que o Estado e a cidade foram governados por essas pessoas ou seus prepostos. Tudo que temos de bom, atribuímos a essas pessoas. E não estou falando de pessoas más ou boas. Eu estou falando de uma prática política. Infelizmente, esse pessoal adota a mesma prática. Senão vejamos: os problemas de financiamento de campanha, as práticas são as mesmas; todos fazem coligações centradas em loteamento dos cargos públicos e não em conteúdo programático. Fazem uma relação de toma lá da cá com o parlamento. Então, todos fazem isso. Quando chegam nas administrações, a fazem não em função das necessidades do povo, mas em função de outros compromissos. E vamos ter um excesso de cargos comissionados que compromete mais da metade da folha de pagamento. Temos ainda, falta de transparência.
SS– Nesse caso, não cumprem as promessas de campanha?
DE – No caso de Aracaju, todos prometeram e nenhum fez. No caso da licitação do transporte público ninguém fez. Plano Diretor, uma conquista do povo brasileiro que a cada 10 anos têm que fazer revisão, não foi feita. Nós estamos há 16 anos sem fazer. Esses últimos governos que tivemos, a população não foi consultada para o Plano Diretor, o que é ilegal. E modificando o plano de que forma? Aumentando o gabarito dos prédios. Todos eles deram aumento muito maior para a passagem de ônibus, do que para a remuneração dos trabalhadores do município. Temos que analisar o que é comum. A saúde é politizada por todos eles. Diretor de posto é indicado por vereador ou deputado. Temos vários políticos que foram secretários de saúde e foram para eleição. O pior modelo que se pode adotar para secretaria de saúde é o da politização. Educação: nós temos desempenho abaixo da meta para o Ideb, precarização do ensino, carência de creches. Então, essas são marcas comuns a todos.
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SS– Se são todos iguais, qual o preferencial de Dr. Emerson, caso o senhor seja eleito?
DE – Uma prática política distanciada desses vícios. Campanha sem financiamento ilegal e gastos excessivos, sem lotear os cargos públicos e priorizar para administração buscar técnicos. Procurar aproximar, democratizar a gestão pública e submete-la a participação popular. Exercer o mandato com transparência, entendendo que o dinheiro é do povo, por isso não pode gastar um centavo sem que demonstre. Informação primária. Fugir da ideia de centralização de poder, sem patrimonialismo. Eu vi no programa eleitoral. Colocaram uma menina dizendo que o prefeito tal me deu uma casa. Como? O prefeito, do patrimônio dele, fez isso? Pegou uma casa que era dele, foi no cartório e passou a propriedade para aquela pessoa? Ou comprou com o dinheiro dele? Então, é o vício de manter o povo como coitadinho dizendo: deixe que vou fazer por você. A figura da “otoridade” que pode tudo. Precisamos mudar conceito. Mas com essa velha política, nessa forma atrasada não tem saída. Não quero enganar a população, quero empoderar a população. Um governo sem povo é tudo, menos governo. Um povo sem política, não existe.
SS – O senhor é médico, portanto entende da área. Temos profissionais sem salários adequados, população reclamando o tempo todo dos serviços. O senhor tem propostas para essa área?
DE – O nosso lema para saúde é recuperando o tempo perdido. Nós temos a melhor proposta para o povo. Saúde está entre os setores mais reclamados pela população. Temos vícios demais que já citei. Nós temos população jovem crescente e os idosos com cada vez maior expectativa de vida. Isso interessa porque, antes as causas de morte eram doenças agudas (pneumonia, por exemplo). Nessa fase de transição, as cargas de doenças crônicas degenerativas (hipertensão, diabetes, câncer). E tem terceira: morte por causa externas que são acidentes de trânsito, homicídios. Temos que preparar o serviço de urgência e emergência para essas causas externas e intercorrências com essas doenças crônicas. Entendo saúde como direito.
SS – Mudando de assunto. As pesquisas não estão favoráveis para o senhor. Há uma estratégia para melhorar isso?
DE – A grande pesquisa não foi feita ainda e será dia 2 de outubro. Se formos estudar, mostro incongruências de pesquisas que saem no inicio das campanhas. Se tem a população que trata de descaso com política, tem profissional que vê na pesquisa uma possibilidade de manipulação. Posso agradecer a população a grande aceitação que tenho. Elas trazem uma rejeição muito alta para alguns candidatos e muito baixa para mim. Rejeição baixa significa aceitação. Então agradeço. Mas isso vai se reverter em votos? No dia 2 vamos saber. Pesquisa tem para todo gosto. Quem é candidato tem que estar na rua, dialogando com a população e estamos sentido isso muito positivamente pelo contato. Qualquer pesquisa que revele a verdade, mostra um quadro de indefinição. Nós vamos ter segundo turno e o que vai acontecer não sabemos. O povo de Aracaju gosta de dar o troco a isso tudo. Existem pesquisas das mais variadas. Estamos predispostos a aceitar o veredicto da população, seja qual for. E estamos preparados.
SS– Para um segundo turno?
DR – Sim, e começamos a discutir o segundo turno no dia 3 de outubro. Não posso ter outra alternativa, nesse momento, a não ser dizer que estarei no segundo turno. E aí vamos discutir qual será a nossa estratégia. Confiando muito na soberania no poder de discernimento e, principalmente, de tanta indignação que a população está com a política, eu espero que com sabedoria, ela irá construir alternativas.