Capa do livro Internar para Educar

No século XIX e até metade do século XX, a educação no Brasil para os filhos, cujas famílias tinham boas condições financeiras, se dava através do regime de internato. Em Aracaju, os expoentes da época eram as escolas Tobias Barreto, Jackson de Figueiredo e Nossa Senhora de Lourdes, só para citar algumas. A história destas e de outras escolas do Brasil está contada no livro “Internar para Educar”, do professor e pesquisador Joaquim Tavares da Conceição. O lançamento será na quarta-feira, 23, às 18 horas, no Museu da Gente Sergipana.

Professor Joaquim Tavares, autor do livro
Professor Joaquim Tavares, autor do livro

O livro é fruto da tese de doutorado do professor Joaquim Tavares, onde ele aborda as práticas educativas e culturais utilizadas nessas instituições brasileiras no período de 1840 a 1950.  Para mergulhar nos internatos brasileiros, Joaquim Tavares se inspirou nas atuais escolas agrotécnicas federais que, ainda hoje, trabalham nesse regime.

Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Joaquim Tavares pesquisou o universo das escolas agrotécnicas federais, mas quis ir mais além. Por isso aprofundou o tema no doutorado em História que fez pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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A pedagogia do internato era vista como ampla e completa, capaz de preparar integralmente os jovens. Pelo alto custo, em geral, somente os filhos de famílias ricas tinham acesso a essa forma de escolarização.  “Os filhos só voltavam para casa na época do Natal. Outros passavam até sete anos sem ir em casa”, contou Joaquim Tavares.

Nesses colégios, além das aulas, os estudantes participavam de atividades culturais, esportivas, recebiam orientações religiosas e eram submetidos a uma rígida disciplina. Acreditava-se que, assim, estariam sendo educados futuros líderes.

Mas também havia críticas a esse regime escolar: a Medicina, por exemplo, discutia a higiene física e moral dos internatos, no auge do higienismo no Brasil. Padrões sociais e de comportamento eram defendidos em nome da saúde.

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Esses e outros aspectos da temática são apresentados na obra com sensibilidade e rigor que são peculiares ao experiente historiador Joaquim Tavares da Conceição. O autor dedica também um capítulo aos internatos sergipanos, reconstituindo práticas e valores presentes nessas instituições.

Na produção da pesquisa, que se insere na História da Educação do Brasil, e em especial de Sergipe, o autor utilizou fontes como relatórios, teses de doutorado, almanaques, revistas, livros de viajantes, romances, fotografias e anúncios na imprensa.

Edise –  O livro “Internar para Educar” está sendo lançado pela Editora do Diário Oficial de Sergipe (Edise), que segue fomentando a produção e circulação de obras literárias. Somente este ano publicou mais de 10 novos títulos. O incentivo da editora a autores sergipanos é destacado por Joaquim Tavares.

 “Com a publicação de livros, especialmente resultante de contribuições de autores sergipanos, a Edise, órgão da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase), consolida-se como espaço importante para a divulgação e desenvolvimento científico, cultural e literário do estado. O livro Internar para Educar é resultado do compromisso e financiamento do Governo do Estado de Sergipe, por meio da Segrase/Edise, para a impressão e divulgação de pesquisas acadêmicas desenvolvidas em instituições sergipanas”, disse Joaquim Tavares, que atualmente leciona na pós-graduação em Educação da UFS e também no Colégio de Aplicação.

Ele também é líder do Grupo de estudos e pesquisa em História da Educação: Memórias, sujeitos saberes e práticas educativas (GEPHED/CNPq/UFS), e publicou livros, trabalhos em revistas e encontros científicos sobre a história do ensino agrícola, dos internatos, instituições escolares e intelectuais da educação, dentre outros temas.