Nunca antes na história de Sergipe, uma mulher se candidatou a presidente da República. Pois, agora, chegou a vez da costureira de sapatos e bacharel em Ciências Sociais, Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado, se lançar a esse desafio pelo PSTU. Ela ainda é pré-candidata, assim como os demais, mas o PSTU nacional já bateu o martelo. Em abril, haverá o lançamento da pré-candidatura. “Sou mulher negra, pobre e operária, disse Vera Lúcia, 50 anos, mãe de duas filhas e também avó de uma menina. Por duas vezes, ela foi candidata a governadora de Sergipe, mas sem sucesso e agora diz que está pronta para aceitar o desafio. “Vai ser uma campanha muito difícil, porque não teremos tempo de expressarmos as nossas ideias”, reclama, pois terá apenas três segundos no rádio e televisão. “O tempo de TV a gente não discute, diante da falta de democracia nesse país”. De forma aberta é a intervenção no Rio de Janeiro, a outra é no Congresso Nacional, através da lei eleitoral que, por exemplo, dá a um partido como o nosso apenas três segundos da televisão. Agora, me diga: você pode conhecer o programa do PSTU em apenas três segundos?”, rebela-se.
Só Sergipe – Com ocorreu a decisão da direção nacional do PSTU em lançar seu nome como candidata a presidente da República?
Vera Lúcia – Foi uma decisão do partido. Agora, nós vamos fazer o pré-lançamento no início de abril, mas ainda estamos definindo a data. Depois haverá a convenção.
SS – Qual foi a base que o partido teve para o seu nome ser um consenso?
VL – O que o partido analisou foi o meu tempo de militância para apresentar, da melhor forma possível, o nosso programa em benefício da classe trabalhadora nacionalmente. Então o partido me incumbiu dessa tarefa. O PSTU acha que eu reúno as condições para esse desafio.
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SS – A senhora já foi candidata a governadora de Sergipe duas vezes, mas sem sucesso. Agora, pleiteando um cargo maior, o que muda com relação ao discurso?
VL – Não é a experiência de ser candidata, mas experiência de anos e anos de muita luta com a classe trabalhadora aqui no Sergipe, que nos dá condições de ter nas mãos essa tarefa de ser candidata a presidente. Você amplia a dimensão: a solução que eu daria para os problemas dos trabalhadores aqui em Sergipe ou em Aracaju, é a mesma para os trabalhadores em nível nacional. Todas as questões que estão relacionadas às necessidades de saúde, transporte e moradia, as relações da economia e a política são locais e nacionais. Temos que observar as necessidades do conjunto da classe trabalhadora e apresentar uma solução nacional.
SS – Qual será a estratégia da senhora para ficar conhecida nacionalmente?
VL – A tarefa que o partido está colocando, não só para candidatura a presidência, mas os demais cargos, é apresentar aos trabalhadores a necessidade que nós temos de se organizar e se rebelar contra todos os desmandos e ataques que eles vêm sofrendo. Seja ela empregada ou desempregada, idosa ou jovem, principalmente as mulheres pobres e negras deste país.
SS – Quem vai ser o candidato a governador de Sergipe pelo PSTU?
VL – O nosso partido está discutindo ainda. Mas em abril estaremos com todos os nomes dos candidatos no país, os pré-lançamentos.
SS – A senhora como candidata vai enfrentar nomes bastante conhecidos, como Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e até mesmo a jornalista Patrícia Poeta, pois todos já disseram que serão candidatos. Como a senhora esta se preparando para bater de frente com Bolsonaro, Geraldo Alckmin, entre outros?
VL – Bolsonaro é uma figura que está há anos no Congresso Nacional, extremamente preconceituoso, incita todo tipo de violência e nós vamos apresentar um programa frontalmente contra essa postura. E contra os outros também. Vamos apresentar um programa com as nossas necessidades e não tem porque ter medo disso. Pior do que esses discursos, são a fome e a miséria com as quais nos deparamos. O preconceito e a violência que nos deparamos todos os dias. Vamos nos organizar e nos rebelar contra isso tudo. Nosso programa é totalmente diferente de todos. O Geraldo Alckmin todos conhecem que ele defensor da ditadura militar, uma candidatura que não resolve a situação da classe trabalhadora.
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SS – Imagine que a senhora ganhe a eleição para presidência. O Rio de Janeiro está com intervenção federal na segurança pública. Como a senhora vê essa intervenção e qual será sua atitude, caso seja eleita?
VL-Não se acaba a violência com mais violência. O Exército é treinado para guerra. O que os pobres que moram nos morros do Rio conhecem é a falta de segurança, saneamento, emprego e tudo. E muitas vezes, para aquela juventude pobre e negra, o que se abre é a porta do crime. Então, para resolver isso, não é uma ditadura militar, como não também não eram as UPP (Unidades de Polícia Pacificadora). Eles precisam é de emprego, escola. Se ela tiver isso, não precisa de polícia. Minha primeira tarefa é organizar a classe trabalhadora para que ela de fato governe e construa um Estado que seja seu.
SS – Vocês já estão discutindo o tempo de TV, para quando começar a campanha?
VL – O tempo de TV a gente não discute, diante da falta de democracia nesse país. De forma aberta é a intervenção no Rio de Janeiro, a outra é no Congresso Nacional, através da lei eleitoral que, por exemplo, dá a um partido como o nosso apenas três segundos da televisão. Agora, me diga: você pode conhecer o programa do PSTU em apenas três segundos. A eleição na verdade, é a expressão da falta de democracia. E serve somente aos grandes partidos.
SS – O PSTU já estuda alianças?
VL – Nós já fizemos alianças com o PCB, com o PSOL. Mas temos programas totalmente diferentes. O programa apresentado pelo PSOL para classe trabalhadora é uma aliança com a burguesia. Nós não queremos um paliativo, mas uma solução real para os trabalhadores.