“Só aquilo que somos realmente tem o verdadeiro poder de curar-nos.” – Carl G. Jung

Manhã dessas aí eu estava em conversa com a Drª Rosa Amélia (médica do Trabalho, professora da UFS, presidente do CRM, escritora, mãe… a mulher tem mais atividades que vulcões na Indonésia). Discutíamos sobre alguns aspectos de Sergipe Del Rey (o termo é usado para designar a condição de província em que Serigy’s Land se pega de vez em quando), dentre eles como é difícil a valorização dos aspectos culturais, intelectuais, caranguejais – e uma infinidade de ais – que marcam a nossa vivência.

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Sergipano tem a mania feia de não valorizar o que é seu, ou o que produz. Tanta coisa linda tem aqui (e só aqui!). (Vou usar o TER como HAVER, mais alguns desvios, viu?!) Tem eu, tem você, tem os Parafusos, tem o amendoim cozido, tem a Serra de Itabaiana, tem o povo de Itabaiana, tem o sol de Glória e o leite, tem o Saco, tem o SanFran, tem o parque dos Falcões, tem mirandoasondasdomar, tem Ismael Pereira e Jenner, tem São Cristóvão e Laranjeiras, tem a padaria no caminho que vai para Moita Bonita, tem a castanha do Carrilho, tem maniçobalagartense, tem o frio de Riachão, tem TaieiraSãoGonçaloBacamarteiroReisado, tem bicho-de-pé, tem cachoeira de Macambira, tem laranjacebolafeiratododia…cansei!

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Tem tudo isso e eu descobri, também no mesmo dia em que conversava com Drª Rosa, algo que jamais sonharia acontecer: um projeto que mudou a autoestima baixa dos moradores de um povoado. Tudo começou há, um tempo atrás na ilha do…ops! Recompõe… Estava eu no meu trabalho, quando recebi a visita do jovembacanahumildebrilhante Givanildo Santana.

Ele me apresentou o Projeto Pescando Memórias, através do qual mudou a realidade sociocultural do Povoado São Braz, em Nossa Senhora do Socorro. Você acredita que os jovens daquele povoado tinham vergonha de dizer que eram de lá? Humm… se identificou, não foi? Apesar de não ser tragédia grega, isso é catarse, viu?! Pois é, a gurizada achava o local o fim do mundo.

Isso mexeu com o jovem Givanildo. Que mobilizou uma pá de gente. Daí nasceu o Projeto que mudou a cena, a cara, o povo, tudo no local. Pesquisaram a história do povoado, os costumes, resgataram a memória vivida desde o início do século XX, fortaleceram “os laços presentes com os passados e as tradições do Povoado São Braz em Sergipe num processo de busca histórico – cultural ampliando os olhares dos seus costumes, crenças e tradições, disseminando informações aos jovens da localidade por meio de oficinas de Cultura Popular e Artes Visuais”. Meu amigo, minha amiga, fizeram, em suma, uma revolução culturosociopsicológica.

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O que aconteceu, na verdade, foi um encontro de uma comunidade com sua própria identidade cultural. Quer saber? Palmas pra você, Givanildo e Cia.! Acho que um Nobel de Psicologia Social cairia muito bem, perto da estátua de São Braz, lá no povoado. Deu vontade de conhecer? Bora lá saborear um pirão de camarão ou dar um ‘rolé’ de barco?

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Ah, ia esquecendo, Drª Rosa contou a interessante história dos caranguejos na feira. Havia um caldeirão com os crustáceos vindos da Bahia e outros daqui mesmo. O caldeirão ‘de lá’ não tinha tampa. O ‘daqui’ tinha… E então os… Deixa pra lá. vou contar não.