Yoakan Jócelis: do dojô ele sonha com o parlamento estadual Foto: SEEL

Professor de karatê  há 30 anos, Yoakan Jócelis, acredita que o Brasil pode dar certo, mas para que isso aconteça depende de todos os brasileiros. Para começar a acertar as coisas, segundo ele, é ideal que se mande para casa as “raposas velhas” que, não só se perpetuam, mas como também, se locupletam do poder. Isso vale  também para os descendentes das “raposas” que colocam os filhos, netos e afins na política  com a ideia de deixar  a família, eternamente no poder.

Mas, nem sempre, Yoakan, que é formado em Educação Física e pai de um menina,  pensou dessa maneira. Um dia, passou pela cabeça dele pegar a família e ir embora para o Chile, em virtude dos problemas políticos e financeiros  do Brasil que afetam a todos. Mas, como um bom lutador de karatê, vencedor em vários campeonatos brasileiros e internacionais, Yoakan repensou e achou que era melhor enfrentar o problema.

E o que não faltam são problemas no Brasil, de falta de gestão à corrupção. A exemplo do não incentivo  à prática de esportes e o caos na educação.  Mas para Yoakan, quem pode mudar essa realidade é o próprio brasileiro, seja através do voto, ou, então, colocando o nome à disposição para que a classe política seja renovada. Ele fez isso. Yoakan é pré-candidato a deputado estadual pela Rede, está cheio de ideias e projetos para educação, assim como para o karatê onde desenvolve um trabalho social em São Cristóvão, Guajará Socorro e Itaporanga da Ajuda, além de dar aulas, há 30 anos, no Clube de Karatê União, em Aracaju.

Com a experiência de já ter viajado por todo Brasil, além de Chile, Uruguai, América Central, Ponta Cana, Santo Domingo, Ásia, Indonésia, África do Sul, Inglaterra e Grécia, em campeonatos de karatê, Yoakan, quer trazer toda essa bagagem para fazer um diferencial em Sergipe.

 

SÓ SERGIPE – Por que o senhor decidiu colocar seu nome como pré-candidato a deputado estadual em Sergipe?

YOAKAN JÓCELIS – Porque não estou mais aguentado ver tantos escândalos com o dinheiro público, e precisamos mudar essa ideia de que tem que roubar porque é político. Outra coisa é querer resultados diferentes fazendo as mesmas coisas, por isso resolvi entrar para disputar.

SS – Como se deu a escolha do partido?

YJ – Um partido novo que não tem vícios, nem quebra de regras e as pessoas que estão no comando são de boa índole. Por essa razão entrei no Rede, e vi que tenho perfil igual. Outra coisa importante: no REDE não pode se candidatar por 12 anos no cargo de vereador, deputado, etc. e isso me atraiu também.

SS – O senhor tem alguma experiência na área política, a exemplo da estudantil ou sindical?

YJ – Sim, sou sindicalista. Faço parte do Simpefise, que é o Sindicato dos Profissionais de Educação Física de Sergipe.

SS – É a primeira vez que tenta um cargo eletivo?

YJ – Sim

SS – O senhor sempre foi professor de karatê. Que propostas o senhor tem para o segmento de artes marciais e de educação de uma forma geral?

YJ – Sim.   Uma lei para a criação do bolsa atleta estadual sem intervenção politica na hora de contemplar os mesmos. Outro projeto seria “Esporte Salva” em vários bairros de Aracaju com uma estrutura para virar, quem sabe, um programa bem amplo.

Yoakan no kumitê.  Foto: César de Oliveira

 

SS – Melhor do que ninguém, o senhor sabe o quanto é difícil para atletas amadores conseguirem patrocínio para participarem de campeonatos. Às vezes, muitos atletas deixam de viajar por falta de apoio financeiro. Como o senhor acha que o poder público e o setor privado podem ajudar?

YJ – O poder público tem sim a obrigação de ajudar o atleta. Claro, que de forma organizada sempre pedindo o aval da federação para custear, no mínimo, as passagens, mas também incentivando as empresas privadas para patrocinar e ter descontos nos impostos do Estado.

SS – Não falta, por parte das administrações públicas federal, estaduais e municipais um olhar mais responsável para a educação?

YJ – Educação é o carro chefe de um país, mas no nosso é o último a ser visto. Por isso eu iria fiscalizar nas escolas se tínhamos todos os professores lotados para suas matérias, criar mecanismos para incentivar o professor, para que ele vá motivado. Fiscalizar o uso das verbas públicas em cada escola e ver se as aplicações estão sendo em beneficio do aluno.

SS – Nas nações civilizadas, o incentivo ao esporte é algo constante, mas aqui no Brasil tupiniquim não se vê isso. Como mudar essa realidade?

YJ – Educação não existe em nosso país. Na verdade, há uma enganação, pois vejo alunos chegarem às 7:30 e voltarem as 9:30 para casa porque não tem professor. E por vários motivos que não justificam, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, não temos nem carteiras. Nós temos que copiar modelos orientais como o do Japão, Coreia, China, porque um país só se desenvolve através de uma boa educação.

SS – E como o senhor avalia a política de esporte no Brasil?

YJ – O esporte no Brasil só tem oba-oba. Vimos o nosso fracasso na Olimpíada aqui. Não temos políticas públicas para o esporte. Precisamos mais uma vez ir até onde tem organização política desportista para tentar um dia chegar perto das grandes potências. Temos, sim, atletas com garra que chegam longe e são raros ou deram sorte. Mas não é  disso que estamos falando e sim de uma estrutura, uma condição para que possamos montar grandes seleções. E o que temos que fazer?  Primeiro fazer leis que não possa haver reeleição nas federações; depois criar fundos para essas entidades, fiscalizar e criar centros de treinamentos para todos. Tudo isso, combinado com a educação regular.

SS – Temos um ex-presidente preso e quase todos os políticos brasileiros, com honrosas exceções, que respondem a um processo na Justiça criminal ou cível. O senhor acha que o Brasil tem jeito?

YJ – Eu ia embora para o Chile fugir dos problemas do meu país, mas como nunca fui de fugir, repensei e disse que ia lutar de outra forma. O Brasil tem jeito sim. Depende de nós, que sabemos o que é certo e o que é errado.  Por isso, vamos mostrar a esses aproveitadores que virão no último dia da eleição com dinheiro, cestas básicas e outras coisas, que não vamos aceitar isso. Vamos sim, tirá-los do nosso caminho através do voto certo, da escolha certa. Como fazer isso?  Tirando do caminho as raposas velhas, os filhos, os netos, genros destes e os maus empresários, enfim, todos que só querem dilapidar o Estado. Vamos mudar. Mas, primeiro, mude sua atitude e assim vamos ter um Brasil melhor.