Juntos há três anos, o casal Enrique Mendes, 20 anos, e Geraldine Rodriguez, 27, sequer imaginava que um dia poderia sair da cidade de El Tigre, no Estado de Anzoátegui, na Venezuela, vir morar em Aracaju, no nordeste brasileiro, e ter um filho sergipano. No sétimo mês de gravidez, esse agora é o sonho de Geraldine que, ainda não sabe se espera um menino ou menina. Esse casal faz parte de um grupo de 35 venezuelanos que, na última quarta-feira, desembarcaram em Aracaju, vindo de Roraima, trazidos pela Cáritas Brasileira, uma entidade da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que trabalha na defesa dos direitos humanos, segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário.
Sem exceção, todos procuram emprego e querem continuar os estudos. Com um filho prestes a nascer, Enrique trabalhou como estoquista de supermercado na cidade onde vivia e torce ser colocado no mercado de trabalho, em Aracaju, para ter condições de sustentar a sua família. Ontem, sábado, estes venezuelanos que moram em dois condomínios, no centro de Aracaju, providenciados pela Cúria Metropolitana, foram visitar os pontos turísticos da capital. Estiveram nos Mercados Centrais e depois à orla da Atalaia. Visitaram o kartódromo e se encantaram com os pequenos e velozes veículos. Curiosidade: eles nunca tinham visto um kart, a não ser pela TV.
Tirania – Para desespero de Ramon e demais refugiados, na última quarta-feira, 9, Nicolás Maduro assinou o termo de posse para o segundo mandato como presidente da Venezuela por seis anos (até 2025). Questionado sobre a ida da presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleise Hoffman à posse, Bucarito preferiu não opinar sobre problemas internos do país que o acolheu. Maduro chama o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro de “fascista”, pois o Brasil integra o Grupo de Lima, formado por 14 nações do continente americano, que não o reconhece.
Com a situação tão grave no país e com perspectivas nada animadoras, Ramon Bucarito bateu em retirada com a mulher Reinieris Nuñes Oriana, 20 anos, que fazia faculdade de Contadoria Pública (o equivalente a Contabilidade, no Brasil). Bucarito tem fé de que conseguirá trabalho em Aracaju, enquanto que o sonho de Reinieris é voltar a estudar. Sonho compartilhado com Marielin Fuen Maior, 26 anos, que fazia Engenharia Mecânica, mas teve que abandonar os estudos para fugir da tirania de Maduro.
Em apartamentos – Esse grupo de venezuelanos está sendo ciceroneado pela secretária da Cúria, Tânia Maria dos Santos, que os acompanhou no passeio pelos pontos turísticos de Aracaju, neste sábado. Dos 35 venezuelanos abrigados em Sergipe, 25 estão em Aracaju e 10 em Nossa Senhora da Glória, acolhidos pela Diocese de Propriá. Os de Aracaju estão distribuídos da seguinte forma: oito, no Seminário Maior, no bairro Lamarão; e 17 em três condomínios no centro da capital.
Toda a Arquidiocese de Aracaju está trabalhando para que os refugiados na tirania de Nicolás Maduro se sintam bem acolhidos e consigam retomar as vidas normais, como tinham antes na Venezuela. E serem cidadãos brasileiros, como o filho do casal Enriques e Geraldine.