O vereador por Aracaju e presidente do diretório municipal do PSDB, Manoel Marcos, garante que, como relator da CPI do Lixo, fará um relatório verdadeiro e não terá nenhum problema de pedir a punição de quem quer que seja, “inclusive da autoridade maior”, caso encontre irregularidades.
Ele diz que a CPI não era necessária, já que a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual fizeram esse trabalho, mas como houve o pedido do vereador Elber Batalha, a comissão foi instalada. Manoel afirmou, ainda, que em nenhum momento a bancada de oposição e o prefeito Edvaldo Nogueira, PCdoB, atrapalharam o andamento da CPI e os documentos solicitados já estão nas mãos para análise.
“Quando os vereadores votaram contra a CPI, inclusive eu, não tinha como objetivo bloquear ou atrapalhar nada. Temos tantas outras demandas da nossa capital, como rua, trânsito, assistência médica a ser melhorada e precisamos nos preocupar elas”, afirmou o vereador que já colocou seu nome à disposição do partido para ser pré-candidato. Como não quer sair de Aracaju, sonha com o cargo de deputado estadual.
Essa semana, em seu gabinete na Câmara, ele concedeu a seguinte entrevista para o SÓ SERGIPE.
SÓ SERGIPE – O senhor, como relator da CPI do Lixo, pode informar o andamento desse procedimento? Há um prazo regimental para conclusão deste trabalho?
MANOEL MARCOS – Sim, há um prazo e nós estamos avançando e bem documentados. As repartições solicitadas já cumpriram com nossos requerimentos; já foi apresentado por mim um trabalho e já aprovado pelos membros da comissão e pautado nesse plano de trabalho, vamos dar todos os encaminhamentos para que, com exiguidade, e antes do prazo regimental, terminemos essa investigação.
SS – Numa recente entrevista à Rádio Comércio, o senhor disse que nem era necessária essa CPI, pois a Polícia Civil e o Ministério Público já tinham feito esse trabalho de forma primorosa. Então, qual vai ser a finalidade da CPI?
MM – A Câmara foi convocada através de um requerimento do vereador Elber Batalha para essa CPI. Eu já me dava por satisfeito pelas investigações, mas não posso me furtar de como, vereador, de também fazer essa investigação. Não diria que era desnecessária, mas já me sinto contemplado com o que foi feito. No entanto, o vereador achou que deveria ser averiguado pela Câmara. Portanto, agora, vou investigar profundamente.
SS – Tem caráter punitivo?
MM – Sim. O que queremos é que nada se concretize. Nós queremos que nada disso seja verdade, para que o prefeito e os secretários possam trabalhar harmonicamente, com tranquilidade, para cuidar da nossa cidade e do nosso povo.
SS – O senhor, como relator, pode chegar a pedir a cassação de algum vereador, caso comprovada a participação delituosa dele no esquema?
MM- Sim. Não só de qualquer vereador, mas também da autoridade maior. No entanto, tenho esperança de que não seja necessário nada disso. Repito: não somos daqueles do quanto pior, melhor. Nós queremos que as instituições funcionem harmonicamente em prol da sociedade que está sofrendo muito com tanto desmando no Brasil. É preciso que tudo isso não seja verdade.
SS – Em algum momento, os vereadores que dão sustentação ao prefeito Edvaldo Nogueira tentaram atrapalhar o avanço da CPI?
MM –Isso não é verdade. Quando os vereadores votaram contra a CPI, inclusive eu, não tinha como objetivo bloquear ou atrapalhar nada. Temos tantas outras demandas da nossa capital, como rua, trânsito, assistência médica a ser melhorada e precisamos nos preocupar com essas coisas. Temos um dos piores IDEBs (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do país e as crianças não estão sendo alfabetizadas. Uma pessoa precisa de médico e não tem, um absurdo. Estou na CPI, mas estou voltado a outras demandas, para melhorar a educação, a saúde de Aracaju.
SS – O prefeito, diretamente, tentou também atrapalhar?
MM – Justiça lhe seja feita. Faço parte da bancada de apoio e o prefeito nunca me dirigiu nenhum telefonema para tratar disso. Ele nunca se preocupou com isso e nunca tratamos desse assunto. É um homem focado na administração do município.
SS – E o que a população pode esperar dessa CPI do Lixo?
MM – O povo , não só de Aracaju, mas de Sergipe, conhece a minha retidão. Eu farei um relatório dentro da luz da verdade. Se fosse o prefeito irmão meu, teria a mesma conduta. Tenho certeza que minha relatoria será feita com presteza, lealdade e nitidez.
SS – O senhor é um médico atuante que, mesmo no exercício da vereança, continua trabalhando. Como médico e parlamentar, como o senhor acompanha a situação do Hospital de Cirurgia?
MM – O Hospital de Cirurgia não é diferente dos demais conveniados. Os problemas são os repasses feitos com demora, tanto feito pelo Estado como município. Isso reflete na assistência médica, e os hospitais não podem cumprir compromissos com fornecedores e funcionários. No caso dos funcionários é terrível, pois ficam sem receber. Com que disponibilidade eles vão trabalhar? Nós precisamos olhar as dificuldades que chegam a eles. Sei que os administradores não têm intenção de emperrar o acesso das pessoas ao tratamento. Às vezes, faltam recursos e compreensão. Nós, de mãos dadas, precisamos buscar esses recursos. Eu mesmo tenho um primo com problemas cardíacos que precisa de uma cirurgia e esse procedimento foi adiado várias vezes. Se não for feita a cirurgia, ele vai morrer. Eu opero todos os dias no Santa Isabel e tem dias que faço coisas subumanas, faço até oito cirurgias por dia. Não ganho nada financeiramente, mas, a vida daquelas pessoas. O SUS paga R$ 109 ao médico, mas na iniciativa privada, às vezes, custa R$ 20 R$ 30 mil.
SS – O Hospital de Cirurgia já não deveria ser um caso de polícia, assim como foi a questão do lixo, já que envolve dinheiro público supostamente mal utilizado?
MM – Não. Eu estou ciente de que o Cirurgia, ao invés de ser o algoz, é uma vítima por falta de recursos. Não precisamos criminalizar o hospital. Se algum gestor cometeu crime, ele que pague. Quantas vidas foram preservadas por ação daquele hospital? Precisa é consciência dos gestores públicos a cuidar do hospital.
SS – Mudando um pouco de assunto. Como o partido que o senhor preside – PSDB – está se comportando nessas eleições?
MM – O PSDB é um partido grande e importante. Sou presidente do diretório municipal de Aracaju e coloquei meu nome como pré-candidato a que eles determinarem, ficando aqui na capital.
SS – O senhor é pré-candidato a deputado estadual. Num momento difícil do Brasil, com os políticos desacreditados, vale a pena insistir?
MM – Eu acho que todo individuo que se sente com um bom indivíduo, que se coloca como candidato. Sou um exemplo de criança pobre nascida em Santo Amaro. Depois de médico, nunca me afastei de cuidar de pessoas pobres. Sou um profissional médico que faz política.
SS – Qual o diferencial do senhor para convencer o eleitorado a lhe eleger?
MM – Não só em mim. Mas pessoas que tenham a minha história. Em fazer o bem sem olhar a quem. Só sou feliz quando provoco a felicidade do outro. Todas as vezes que saio cansado do centro cirurgia, vejo a felicidade dos meus pacientes.