Aline Laranjeira
Entre gafes, surpresas e piadas sem graça do apresentador Jimmy Kimmel, mais uma edição do Oscar foi transmitida em diversos países. Dez filmes concorreram à categoria principal de Melhor Filme, e o momento ápice da premiação foi também marcado por uma reviravolta engraçada, porém extremamente constrangedora. Os espectadores vibraram pela falsa vitória da película La La Land, no entanto o agraciado da noite era mesmo Moonlight.
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Ao observar as obras cinematográficas que concorriam aos prêmios daquela noite, percebe-se o quanto 2016 foi um ano repleto de filmes excelentes. Uma safra que há certo tempo não se via dentre os indicados ao Oscar. Os resultados mostraram-se diversos e bem distribuídos. A impressão deixada ao final da cerimônia foi de que todos os filmes tiveram o seu devido espaço na premiação. Para quem acreditava numa iminente enxurrada de prêmios pelo longa-metragem La La Land, pode ter se decepcionado ao perceber que dentre as categorias técnicas, de oito indicações, levou metade. Isso porque, embora o Globo de Ouro (premiação que antecede o Oscar) não seja um grande parâmetro para a cerimônia em questão, muitos acreditavam que a lavagem de prêmios ocorrida no Globo de Ouro se sucederia novamente no último evento do domingo 26.
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Entre os nomeados a melhor filme estrangeiro, claramente, os brasileiros puderam sentir falta do aclamado “Aquarius”, dirigido pelo cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. Seu filme não chegou, inclusive, à pré-seleção, em virtude de burocracias e conflitos internos no Brasil. Entretanto, dentre as películas presentes na lista, o mais imponente e merecedor do prêmio foi o do diretor cinematográfico Asghar Farhadi (O Apartamento), o qual não pôde comparecer à cerimônia devido à Lei Anti-imigrante decretada pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Uma das passagens mais marcantes no discurso proferido no palco por sua representante dizia: “Dividir o mundo entre nós e os inimigos gera medo e justifica agressão e guerra. Essas guerras impedem o desenvolvimento da democracia. Os cineastas podem usar suas câmeras para mostrar qualidades humanas, romper estereótipos e criar empatia. Nós precisamos hoje de empatia mais do que nunca.” O Apartamento representa uma crítica ao padrão moral e ético vigente na sociedade iraniana, e devido à excelência na condução do filme, ele se torna relevante e entra para a lista de obras-primas realizadas pelo Asghar Farhadi.
As categorias de atuação, por fim, não deixaram a desejar. Os prêmios já eram esperados e permitiram a satisfação do público. Viola Davis foi uma das mais aclamadas após receber o prêmio de atriz coadjuvante e realizar um discurso emocionante. Emma Stone, Mahershala Ali e Casey Affleck receberam respectivamente, melhor atriz, melhor ator coadjuvante e melhor ator.
Os prêmios concedidos foram extremamente justos e, apesar dessa edição ter sido enfadonha em diversos momentos, ela entrará para o hall de um dos anos mais concorridos da história dos Oscar, pois a competência e diversidade existente entre os indicados representaram um marco contra o conservadorismo e tradicionalismo preponderantes nas cerimônias anteriores. Em vista disso, 2017 possuirá a tarefa árdua de conseguir superar ou se equiparar à qualidade dos filmes contemplados nessa última edição, a fim de manter o que foi esta fascinante pluralidade.